sexta-feira, 4 de junho de 2010

desabafo

Agora percebo como é bom chorar e desabafar o que já foi desabafado com outras pessoas que não ligaram à nossa dor. É bom poder libertar toda a tristeza e raiva, fechados num sítio que não nos diz nada, sentir que o que nos rodeia não nos afecta, sabermos que estamos sozinhos, nós e a nossa consciência, os nossos olhos e os nossos lábios. Primeiro sentimos tudo dentro de nós, fermentamos as ideias, construimos a certeza e depois, mentalizamo-nos que não vale a pena chorarmos por aquele motivo (ou vale mesmo).
Por mais que eu chore, não adianta. Dentro de mim, vou sentindo um vazio que deveria estar completo, um vazio que deveria estar cheio de felicidade, cheio de momentos bons, mas que quando choro, faz deparecer tudo e por instantes só existem coisas negativas que a cada passo que dou, a cada palavra que digo, a cada gesto que faço, em vez de ganhar forças, perco-as. Não me importo que isto aconteça (é muito bom!), mas queria que acontecesse tudo de uma vez. Queria acordar um dia, sorrir e nunca mais chorar, queria falar de ti e fazê-lo apenas com um sorriso na cara e não com uma enorme tristeza no peito, um frio enorme na barriga, uma memória antiga.
Eu quero pensar que não fui insignificante, quero contar com o meu melhor amigo, quero poder falar com ele sem nada que me impeça de dizer o quanto eu gosto dele, o quanto me ajuda, o quanto preciso de o sentir perto de mim. Eu quero sentir o que senti, quero divertir-me com ele, quero sorrir, quero apertar-lhe as pernas, arranhar-lhe os braços, trincar-lhe os dedos. Eu quero o impossível, o que já não é para mim, o que eu perdi (...)

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